Como é gratificante quando mexendo naquelas caixas antigas encontramos em quaisquer bilhetinhos a menor demonstração de sentimentos, de carinho, de amor, da alma, do espírito.
“No começo era a palavra…e o verbo se fez carne e habitou entre nós.” João 1:14.
Esta é uma revelação de uma pessoa, uma autocomunicação de Deus, uma autocomunicação de Deus nos convidando à comunhão com Ele. De lá, pra cá, pensemos na hipótese de um rapaz entrar em uma cafeteria e dizer a uma moça: Olá, eu sou o Manoel! e ela responde: “Sim, você é o Manoel. Terá um teste?”. Ela confunde a autocomunicação de uma pessoa com uma mera comunicação de informações. O objetivo do Manoel nesse caso é diferente de um professor de matemática quando ensina uma conta e indaga aos alunos: “entenderam”? Isso é uma comunicação de informação, o professor deseja que os alunos respondem, “sim, entendemos”. A par com isso, para sugerir que, segundo o modelo da revelação divina, devemos encarar toda comunicação humana como autocomunicação que ao outro a comunhão.
Nesse ínterim, a tragédia do plágio, de simplesmente acessar a internet e copiar coisas – significa que VOCÊ está ausente. Muitas vezes temos a sensação de que sabemos, só não temos as palavras – é apenas uma sensação de que ”eu sei” – você provavelmente não sabe. Você pode ter o vestígio de um pensamento, mas sem as palavras, é apenas um “fantasma”. Você precisa “encarnar” esse pensamento em palavras reais.
Não há dúvida que escrever é uma forma de pensar, logo quando as palavras não são suas palavras, você não realizou a tarefa de pensar. E, é isso que nos leva o deslumbramento pelo ChatGPT, o robô que escreve coisas para você, realiza o seu pensar. Esse assunto está dividindo as pessoas de todas as esferas, uns amam outros odeiam, mas, o que dizer sobre ele? As Instituições, órgãos, administradores, escolas, faculdades, estão utilizando mensagens composta pelo ChatGPT, quando isso é descoberto há uma comoção entre os favoráveis e os contrários, muitas vezes, há pedido de desculpas, ou, um discurso exaustivo de que, os tempos mudaram – é a “evolução”.
Neste contexto, imaginamos os professores corrigindo as provas dos alunos, lançando as notas sem trabalho algum, e os alunos com seus celulares realizando as provas sem pensar e sem se desgastar – digo, sem aprender – pois, nesse cenário, por óbvio que a educação é o espaço mais atacado. Isso se dá, devido a impessoalidade da maioria das comunicações burocratas institucionais, esse caso um robô poderia muito bem tê-lo escrito. E, é por isso que ninguém os lê, essa não é uma comunicação real.
A razão pela qual o ChatGPT se tornou a ferramenta do momento, é pelo fato de que a comunicação hoje não está comunicando nada – na maioria das vezes, nem há informações que, para tê-las, teria que ser contextualizadas para se tornarem relevantes. Imaginemos uma cena onde tudo que iremos decidir tiver que passar pelo robô, respostas ao telefone, e-mails, mensagens, toda a essa rotina, terá ocasião que em sendo um humano do outro lado, perguntará: “por gentileza, poderia dizer se Você é um ser humano?”, e nesse caso, sendo uma ligação, estará programada para a ligação cair, quando saberemos? Nesse caso, era um robô ou não? Nunca saberemos, se os robôs substituírem os administradores, alguém notaria? Os relatórios, as rotinas, tudo com ChatGPT, nem mesmo os colegas perceberiam.
Atualmente muito das escritas são robóticas, apesar de que muito de fato poderia ser feita por um robô. Triste realidade, mas quando o sistema educacional gasta todo seu tempo treinando burocratas zelosos em planilhas e pouco ou nenhum tempo lendo uma bela história clássica, é esse o resultado: população sem palavras murmurando sem sentido – num submundo vazio de pensamentos. A grande piada da atual cultura do ChatGPT será quando os professores descobrirem que os trabalhos estão sendo realizados através dele e, ao invés, de ficarem bravos, zerar as notas e pedir para repetir, não, ao contrário, ficaram felizes, pois, agora poderão utilizar também, corrigir os trabalhos sem precisar Lê-los – juridicamente, os alunos abriram precedentes, quem contestará? Qual servidor público ou privado terá a coragem? Um robô está escrevendo, um robô está corrigindo, nenhum ser humano envolvido. Qual sentido disso? Não seria melhor perpetuar a ilusão da educação? A não ser que as escolas se entregam a essa ilusão o tempo todo, assim, a suposição é de que o ChatGPT seja de fato a ferramenta para a cultura que foi criada. Na realidade pessoal, quando a namorada(o), amigo(a), família, reclamar da falta de respostas nas mensagens, o famoso “vácuo” e ligeiramente inserirmos os textos para respostas automáticas, com o argumento de que todos fazem isso, haverá a sensação de dever cumprido e felicidade do receptor. Logo, estará postando respostas rápidas sem ter olhado para o telefone.
E, nas ocasiões que forem assuntos sérios não haverá a leitura, terá respondido e, como foi projetado para agradar, receberão mensagens simpáticas para todos seus problemas, mas não dele, não terá idéia do que está compartilhando, só não poderá deixá-los saber. Configurada a estranha realidade não dita sobre o ChatGPT: seu papel deve permanecer oculto para que funcione. A ilusão do elemento humano deve permanecer preservada ou as pessoas sentirão ofendidas, da mesma forma que a com a falta de resposta.
O ChatGPT é a mais triste ilusão de comunicação humana que não conta a ninguém, assim como a mídia social moderna produz uma ilusão de argumento racional. Denúncia mútua sem cérebro não é argumento. Para finalizar e, considerando todos esses argumentos destacados, a proposta é: deixar o ChatGPT produzir todos os relatórios, escrever e responder os mails e DISCUTIR COM OUTROS ROBÔS NAS MÍDIAS SOCIAIS. Somente assim, livraremos de desperdícios tolos de nosso tempo. Nós, seres humanos, podemos almoçar juntos, celebrar com aquele bom vinho, ler, discutir os textos lidos, jogar xadrez, conversar sobre coisas reais que de fato importam.